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A implantação do processo de Bolonha nos estabelecimentos de Ensino Superior entrou, neste ano lectivo 2006/2007, em acelerada execução. São já muitas as escolas, institutos, politécnicos e universidades que transitaram muito dos seus cursos para o modelo imposto pelo processo e têm planos para no próximo ano chegarem perto da totalidade dos cursos.
Ao fim de alguns anos de discussão em torno da implementação do Processo de Bolonha, temos a infeliz constatação da realidade para atestar a certeza das tantas criticas que se fizeram ouvir, e tenho a completa visão do problema sério que Bolonha é para o ensino superior público e para o acesso dos filhos do povo à formação superior no nosso país, e dos colegas dos restantes países europeus afectados.
Se muitos afirmam hoje que Bolonha é uma declaração de intenções interessante, que tem como principal vector a criação de um espaço europeu de educação do qual não podemos ficar fora, é preciso reafirmar, em contraponto a esse discurso, que desde o seu início a Declaração de Bolonha não se compromete com a defesa de um ensino europeu público, gratuito, universal e de qualidade, mas pelo contrário é desde o seu início o projecto de aplicação do neoliberalismo na área da educação, numa clara intenção de privatização e elitização deste sector (tal como são aplicadas por toda a União Europeia medidas no mesmo sentido de privatização a outros sectores públicos).
A realidade começa já a demonstrar que os vectores da mobilidade, competitividade e empregabilidade da Declaração de Bolonha têm uma face dura. Sem querer entrar, nesta resolução, na discussão do conceito e da política atribuída ao termo “empregabilidade”, é por demais evidente a desvalorização que as novas licenciaturas obterão, a par de uma menor formação do estudante, e como tal, um novo obstáculo tanto no acesso ao emprego como a remunerações mais altas. A mobilidade é desde logo comprometida por aquilo que eram os apoios actuais ao programa Erasmus e às bolsas para estudar no estrangeiro, além de que o governo PS acaba de cortar em 50% os apoios a este programa, o que por si só inviabiliza qualquer pretensão de intercâmbio, mais uma vez quem não tem meios económicos ficará cá dentro. A competitividade se em teoria já era má, na prática é absolutamente desastrosa, começa pelos politécnicos não terem acesso aos 2ºCiclos, e muito provavelmente algumas universidades em alguns cursos também não. A criação de classificações de universidades fará com que umas sejam mais apoiadas e financiadas que outras tornando ainda mais desigual o ensino, onde certamente só acederá às “boas” universidades aqueles que as puderem pagar; para ajudar, a criação de centros de excelência sugará os cérebros dos vários países para aqueles que tenham o capital para o investir e rentabilizar. A verdadeira magia da burguesia europeia com o processo de Bolonha, falhadas inúmeras tentativas anteriores para privatizar o ensino europeu, e das suas organizações UE, FMI, BM, OMC, além dos seus próprios estados, é transformá-lo numa alavanca da acumulação de capital e garantir uma maior adaptação dos conteúdos ao serviço dessa mesma acumulação, sob uma capa de inovação e melhoria pedagógica, e de “el dorado” da mobilidade europeia para estudantes e professores.
As consequências são graves para aqueles que trabalham e para os seus filhos, com menos professores necessários, menos recursos afectados para materiais, para laboratórios e aulas, até porque apenas o 2ºCiclo terá acesso a cadeiras mais especializadas com mais necessidades, menos funcionários, menos acção social, mais propinas com aumentos indecorosos no 2ºciclo, substituição de bolsas por empréstimos, e tudo isto para apenas 3 anos de licenciatura. Os ritmos de estudo estão a aumentar numa média de 40 a 45h semanais de estudo (entre aulas e trabalhos); assim, é cada vez mais difícil conseguir combinar o estudo com o trabalho (com Bolonha os trabalhadores-estudantes são uma «espécie em vias de extinção»), ou com actividades de participação democrática e intervenção social nas Universidades e na sociedade em geral. É um verdadeiro roubo à nossa dignidade, ao nosso direito à educação, ao nosso direito à universabilidade do saber e ao desejo de melhoria das nossas condições de vida.
Marco Loureiro
Presidente do Núcleo de Estudantes de ASC
Ao fim de alguns anos de discussão em torno da implementação do Processo de Bolonha, temos a infeliz constatação da realidade para atestar a certeza das tantas criticas que se fizeram ouvir, e tenho a completa visão do problema sério que Bolonha é para o ensino superior público e para o acesso dos filhos do povo à formação superior no nosso país, e dos colegas dos restantes países europeus afectados.
Se muitos afirmam hoje que Bolonha é uma declaração de intenções interessante, que tem como principal vector a criação de um espaço europeu de educação do qual não podemos ficar fora, é preciso reafirmar, em contraponto a esse discurso, que desde o seu início a Declaração de Bolonha não se compromete com a defesa de um ensino europeu público, gratuito, universal e de qualidade, mas pelo contrário é desde o seu início o projecto de aplicação do neoliberalismo na área da educação, numa clara intenção de privatização e elitização deste sector (tal como são aplicadas por toda a União Europeia medidas no mesmo sentido de privatização a outros sectores públicos).
A realidade começa já a demonstrar que os vectores da mobilidade, competitividade e empregabilidade da Declaração de Bolonha têm uma face dura. Sem querer entrar, nesta resolução, na discussão do conceito e da política atribuída ao termo “empregabilidade”, é por demais evidente a desvalorização que as novas licenciaturas obterão, a par de uma menor formação do estudante, e como tal, um novo obstáculo tanto no acesso ao emprego como a remunerações mais altas. A mobilidade é desde logo comprometida por aquilo que eram os apoios actuais ao programa Erasmus e às bolsas para estudar no estrangeiro, além de que o governo PS acaba de cortar em 50% os apoios a este programa, o que por si só inviabiliza qualquer pretensão de intercâmbio, mais uma vez quem não tem meios económicos ficará cá dentro. A competitividade se em teoria já era má, na prática é absolutamente desastrosa, começa pelos politécnicos não terem acesso aos 2ºCiclos, e muito provavelmente algumas universidades em alguns cursos também não. A criação de classificações de universidades fará com que umas sejam mais apoiadas e financiadas que outras tornando ainda mais desigual o ensino, onde certamente só acederá às “boas” universidades aqueles que as puderem pagar; para ajudar, a criação de centros de excelência sugará os cérebros dos vários países para aqueles que tenham o capital para o investir e rentabilizar. A verdadeira magia da burguesia europeia com o processo de Bolonha, falhadas inúmeras tentativas anteriores para privatizar o ensino europeu, e das suas organizações UE, FMI, BM, OMC, além dos seus próprios estados, é transformá-lo numa alavanca da acumulação de capital e garantir uma maior adaptação dos conteúdos ao serviço dessa mesma acumulação, sob uma capa de inovação e melhoria pedagógica, e de “el dorado” da mobilidade europeia para estudantes e professores.
As consequências são graves para aqueles que trabalham e para os seus filhos, com menos professores necessários, menos recursos afectados para materiais, para laboratórios e aulas, até porque apenas o 2ºCiclo terá acesso a cadeiras mais especializadas com mais necessidades, menos funcionários, menos acção social, mais propinas com aumentos indecorosos no 2ºciclo, substituição de bolsas por empréstimos, e tudo isto para apenas 3 anos de licenciatura. Os ritmos de estudo estão a aumentar numa média de 40 a 45h semanais de estudo (entre aulas e trabalhos); assim, é cada vez mais difícil conseguir combinar o estudo com o trabalho (com Bolonha os trabalhadores-estudantes são uma «espécie em vias de extinção»), ou com actividades de participação democrática e intervenção social nas Universidades e na sociedade em geral. É um verdadeiro roubo à nossa dignidade, ao nosso direito à educação, ao nosso direito à universabilidade do saber e ao desejo de melhoria das nossas condições de vida.
Marco Loureiro
Presidente do Núcleo de Estudantes de ASC
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